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terça-feira, agosto 8

um almocinho de verão

O Verão convida a irrelevâncias. Talvez tenha sido com esse espírito que o dr. Ribeiro e Castro marcou um dos seus almoços da semana. Mais almoço, menos almoço, que diferença faz? Uma pessoa tem sempre de almoçar e, quantas vezes, apesar de tudo e sem grande vontade própria, acaba por almoçar acompanhada?

Presidente de um cada vez mais irrelevante, nos tempos que correm, CDS, Ribeiro e Castro decidiu aceitar o convite para almoço com o dr. Manuel Monteiro. O dr. Monteiro, além de ex-líder de um CDS à época não tão irrelevante assim, é presidente de uma irrelevantíssima coisa chamada Nova Democracia. Qual é o mal? Estamos em Agosto, à beira de ir de férias, um almocinho é uma deliciosa irrelevância.

Pode até ter sido assim, uma coisa displicente. Talvez o dr. Ribeiro e Castro partilhe a política democrata e cristã de não recusar almoços com ninguém, como quem não recusa apertos de mão e dá a outra face. E pode a coisa estar, assim, isenta de significado político.

Para azar do dr. Ribeiro e Castro, a re feição nunca poderia ter uma leitura tão benévola quanto esta. O dr. Ribeiro e Castro tinha a noção? Se tinha, avançou porquê?

O dr. Ribeiro e Castro já devia ter percebido que há muito tempo (praticamente desde que tomou posse) tem a cabeça a prémio. O almoço com Manuel Monteiro (que é uma espécie de besta negra da famosa "banda" de Paulo Portas) é uma daquelas tentações suicidárias em que, não se percebendo bem porquê, Ribeiro e Castro embarcou.

É provável que o dr. Ribeiro e Castro tenha entrado numa corrente vertiginosa qualquer - uma coisa que acontece frequentemente a qualquer cidadão acossado e que, num dirigente político, ganha maior visibilidade. Essa corrente vertiginosa não lhe permitiu ter a noção de que debater convergências com Manuel Monteiro é hostilizar uma parte importante do partido - a parte que não lhe perdoa a derrota no Congresso nem a crescente invisibilidade do CDS.

Só uma pessoa tinha a ganhar com o almocinho de Verão : Manuel Monteiro, o arqui-inimigo de Paulo Portas. Se Ribeiro e Castro não viu isto, não vê nada. Mas se viu e mesmo assim avançou? Para quem tem a cabeça a prémio, manifesta um evidente desejo de que lha arranquem.


ANA SÁ LOPES

(texto do contra os canhões do dn de 4 de agosto, que também não está disponível no site do dn. irra)
|| f., 17:13

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