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sexta-feira, julho 14

"Tenho a lista em casa"

Eu juro que se fosse alguma vez entrevistado pela Maria João Avillez (com dois éles, ou mesmo três ou quatro) também dificilmente não me comportaria de forma arrogante e até mal educada. A impreparação é tanta, o manteiguismo besuntista atinge tais níveis, as banalidades sucedem-se a tal ritmo que só mesmo um entrevistado dispondo de níveis inumanos de autocontrole consegue não deixar de transparecer uma certa irritação com aquilo tudo. Reparem: não estou a dizer que a entrevista de ontem à noite na SIC foi difícil para o entrevistado (como por exemplo foram algumas de Constança Cunha Sá na TVI aos candidatos presidenciais). Pelo contrário: estou a dizer que foi uma passeata absoluta para o engº Sócrates.

Mas a velocidade das vulgaridades é tanta e o molho de manteiga em que aquilo tudo foi imerso é de tal maneira espesso que um entrevistado minimamente humano não pode deixar de se sentir incomodado. Para a história da entrevista deixo aqui um pormenor. A certa altura a "entrevistadora" perguntou ao primeiro-ministro sobre os obstáculos da maioria PS no Parlamento a iniciativas da oposição. Sócrates deu a resposta mais que previsível: pediu exemplos. A "entrevistadora" gaguejou, deu um único exemplo (o caso Eurominas) e depois acrescentou algo (sobre as iniciativas da oposição impedidas pelo PS) que devia ficar marcado para sempre na memória do jornalismo nacional: "Tenho a lista em casa."

Moral da história: há listas que não se devem esquecer em casa. As das perguntas e as do supermercado. Suponho que nem com umas nem com outras Maria João Avillez teve alguma vez de se preocupar. É coisa pró sopeiral. Mas para a próxima ponham a sua "fiel Sebastiana" a fazer a entrevista. Lá em casa é quem tem o departamento das listas e a sua própria patroa já por várias vezes atestou da sua competência.

PS. Por outras palavras: o que faz falta são entrevistas competentes ao primeiro-ministro. Por jornalistas de política competentes e até (ou mesmo acima de tudo) por jornalistas de economia competentes, que saibam do que falam (e não se esqueçam das listas em casa, já agora). Só não sei se o primeiro-ministro está para aí virado. Tenho dúvidas.
|| JPH, 11:37

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