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sexta-feira, março 31

De como a "não esquerda" se começa a preparar para votar em Sócrates


A direita e o centro-direita da blogosfera (mas não só) já encontraram um argumento para disfarçar o mal-estar que lhes causa a governação do engº Sócrates. O argumento é este: "Não ganhamos mas afinal, bem vistas as coisas, até ganhamos. Ele - Sócrates - afinal é cá dos nossos!" É de "direita" e está a governar "à direita".

Com isto, como já disse, disfarçam o seu embaraço actual. E tentam atirar-nos areia para os olhos, fazendo-nos esquecer a sua likudiana derrota nas eleições legislativas de 2005 e, sobretudo, o que lhe deu origem: uma miserável prestação governativa no pós guterrismo.

Entendamo-nos: só uma "direita" (e um "centro-direita" - enfim, a "não-esquerda") a quem já só resta a nostalgia de velhos mitos (Cavaco deixou o Governo há mais de dez anos) pode achar que uma agenda "reformista" é o principal traço distintivo da "direita" face à "esquerda". O que distingue uns e outros não é o fazerem (ou não) "reformas". O que os distingue é o conteúdo substantivo das "reformas" - e o resto são preconceitos.

Porque ninguém pode, com honestidade, dizer que com o PRACE ou o Simplex o engº Sócrates está a roubar a agenda "reformista" de quem quer que seja. "A racionalização do serviços públicos, a eficiência administrativa e a inovação tecnológica não são de esquerda nem de direita. São somente requisitos e meios de um bom governo", escreveu Vital Moreira - e eu, por uma vez, estou de acordo.

E não podem, por outro lado, tratar Sócrates como um dos "seus" só porque ele cultiva uma certa imagem de "autoridade". Isso, a ser alguma coisa, não é ideológico. É, quanto muito, um traço de personalidade (potenciado pelo marketing), ou seja, atira-nos para discussões psicologistas (ou psicanalíticas) que de político nada têm.

É assim pura esperteza saloia o argumento segundo o qual Sócrates está a "roubar" à "direita" e ao "centro-direita" a sua agenda. Não há uma única alma (na blogosfera, é disso que sobretudo falo) que até agora tenha conseguido dizer, em concreto, o que é que o governo de José Sócrates fez de "não esquerda".

Por outras palavras: aqui, na blogosfera de "não esquerda", nem as lideranças do CDS nem as do PSD aprendem o quer que seja para fazer oposição ao engº Sócrates. Admitindo que essas lideranças são fracas, importa também admitir que a "massa crítica" de "não esquerda" que povoa a blogosfera é, genericamente, ainda mais fraca. Na verdade, ao "acusarem" o engº Sócrates de, afinal, estar a governar "à direita", estão-nos apenas a informar - sem coragem para o assumir - que em 2009...votarão nele.

PS. Não perco tempo a discriminar com links quais são os blogues de "não esquerda" a que me refiro. Não é por preguiça ou arrogância, acreditem-me. É porque, basicamente, são todos. Quem não for que não enfie a carapuça. Se enfiar, então um apelo: argumente com nível e educação. Espero que não seja pedir muito.
|| JPH, 12:42

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