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segunda-feira, maio 16

terrorismo da igreja

roubo o título da crónica da ana, roubo (ganda título, ganda crónica). também já não há daquilo (cu) para aturar esta conversa de que "não confundamos a igreja católica com o padre que disse que era mais grave matar 'uma criança' no útero que uma criança com cinco anos". um padre que disse isto mesmo na missa por alma da criança de cinco anos assassinada, portanto dentro de uma igreja e no exercício das suas funções. um padre que faz parte de uma hierarquia, que foi ordenado e nomeado por ela para aquela paróquia e que dela recebe um salário, salário esse que paga também o sermão com que mimoseou a criança morta.
confusão seria não confundir este padre com a igreja -- ele é a igreja. e se a igreja não se quer confundir com ele, tem bom remédio: castigue-o, expulse-o, excomungue-o como faz e fez tantas vezes, nomeadamente com padres cujas ideias (teologia da libertação, lembram-se?) não batem certo com o catecismo oficial.
confusão seria ignorar que o catecismo da igreja, expresso por exemplo nas encíclicas do anterior papa (e nos textos do actual, enquanto cardeal ratzinger), gastou rios de tinta a condenar o aborto e nem uma linha a falar do abuso sexual de crianças por clérigos. certamente porque as crianças abusadas por padres podem queixar-se, chorar, quiçá até defender-se.
confusão seria esquecer que ao vaticano não ocorreu pedir perdão por esses crimes cometidos por padres (como o tempo da igreja e dos homens anda desfasado, daqui a uns três séculos, quando formos todos -- incluindo as vítimas dos abusos e os abusadores -- pó, lá virá um muito aplaudido pedido de desculpas), mas não perde uma ocasião (e todas são boas) para apresentar o aborto como o maior dos pecados.
confusão é não ver que o que o padre de lordelo disse é a tradução fiel da ideologia de uma igreja que diz que um embrião de uma semana é uma pessoa. tão pessoa como a criança de cinco anos que a avó e o pai espancaram e escaldaram com água a ferver, tão pessoa como qualquer de nós.
a única diferença é que o padre de lordelo resolveu exemplificar, concretizar a ideia. dar a ver o terrorismo.
o padre de lordelo é, citando clara ferreira alves, uma besta. mas é, ao menos, uma besta honesta.

f.
|| asl, 17:50

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