Glória Fácil...

...para Ana Sá Lopes (asl), Nuno Simas (ns) e João Pedro Henriques (JPH). Sobre tudo.[Correio para gfacil@gmail.com]

quarta-feira, maio 25

fétiche lux

gostei da ideia. gostei do canhenho, das citações, da mae west. fez-me lembrar um tempo, a long long time ago, quando era sempre assim, quando levávamos dias a pensar no que vestir nas festas, em investidas no guarda-vestidos, nas modistas, nas retrosarias, na madame bettencourt, no sótão. na laca, no sabão, no cabelo.

agora é mais anahory, claro. encontrei o vasco, o meu vizinho, na rua da prata, ontem, e disse-me que ia alugar uma cena de padre. 60 euros, ou lá o que era. tipo baile de máscaras. imagino que não era bem isso que o manel (reis) imaginava. imagino que -- não sei, claro, e não lhe perguntei -- o que ele imaginaria era algo tipo aquilo de há vinte anos (há vinte anos era o frágil, e o frágil, para quem se lembra, é espantoso, quase irrepetível). ou sou eu que imagino que ele imagina.
não sei. de qualquer maneira, não fui. imaginei aquelas marés de gente do costume e estafei-me só de imaginar. além disso, já vi a von teese. nada de muito especial. tem graça, claro. mas pronto, já vi.

é isto, creio, o discurso geracional. tipo: no meu tempo... que noja. gosto de acreditar que não é isso. mas, mais tarde ou mais cedo, vai dar no tempo. na malícia do tempo.

e pronto, não fui.

que pena. apetecia-me dançar. apetecia-me um lugar para dançar. apetecia-me música que me fizesse apetecer dançar.

apetecia-me ter vontade e ganas de me perder. apetecia-me aquela energia altiva, suicidária e imperial que faz cruzar a noite com o dia e de repente olhar para trás e perceber, sobre o rio, a tonalidade cinza da aurora, a procurar os óculos escuros, a maldizer os pés e a pensar: e agora como é que eu amanhã, que é hoje, daqui a bocado, faço seja o que for?
apetecia-me dizer e fazer e ser, outra e outra vez, a encarnação da frase. when i'm good, i'm very good. but when i'm bad, i'm even better. cabedal, renda, olhos, as coisas todas que rimam com isto.

apetecia-me que me apetecesse o suficiente. mas não.

o que é, segundo o meu amigo rui, um luxo: o luxo de não apetecer. mas não estou certa que não seja uma desculpa.

paciência.

f.
|| asl, 02:14

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