Glória Fácil...

...para Ana Sá Lopes (asl), Nuno Simas (ns) e João Pedro Henriques (JPH). Sobre tudo.[Correio para gfacil@gmail.com]

quinta-feira, novembro 13

Eu e o Jim Morrison...

...conhecemo-nos em 1980, tinha ele morrido há nove anos.
O encontro deu-se numa das docas de Belém. Eu e amigos preparávamos o velho Barco Íris para nos fazermos ao mar. Um veleiro sensacional, de madeira, metia água por todo o lado, com vela de carangueja e totalmente desprovido de molinetes. E estava nisto quando se ouviram uns acordes de piano eléctrico no ar. Um piano rodeado de chuva e longínqua trovoada.

Riders on the storm
There’s a killer on the road...


Informei-me

- Quem são estes?

O meu irmão, escandalizado com a pergunta – como era possível tanta ignorância? - rosnou

- São os dóres

E assim fomos apresentados.
O passo seguinte dei-o com o meu pai. Perguntou-me que prenda queria para os anos. “Um disco”, mas não disse qual e ele também não perguntou. Fomos a uma discoteca, eu corri para os “Dês”, e tirei o primeiro que me apareceu.

- É este.

E o meu pai pagou. Depois queixou-se do preço. Só nessa altura reparei que tinha tirado um disco duplo, o “Absolutely Live”.
Quando o pus a tocar detestei. A única música minimamente aceitável, para os meus ouvidos então ultra-sensíveis, era o “Alabama Song”, da dupla Brecht/Weil

Oh show me the way to the next whiskey bar
Oh don’t ask why, oh don’t ask why


Com o tempo fui aprendendo a ouvir o disco. E comprei outros. Toda a discografia. E biografias da banda. Hoje sei que partindo disso tudo cheguei a Baudelaire, a Verlaine, aos “Cantos de Maldoror”, a Rimbaud, a Céline.

Não há portanto perdão para a vigarice que se prepara para os dias 6 e 7 de Dezembro, no Pavilhão Atlântico. Quem lá for escusa de ser leitor do Glória Fácil. Não quero audiência dessa.
|| JPH, 14:00

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