Glória Fácil...

...para Ana Sá Lopes (asl), Nuno Simas (ns) e João Pedro Henriques (JPH). Sobre tudo.[Correio para gfacil@gmail.com]

quinta-feira, agosto 21

Sigamos a polémica!

"Ora, como é possível ser moderado se se está submetido a ideologias fundamentalistas e a ditadores sem escrúpulos que usam a religião para seu proveito pessoal ?", perguntou Nuno Mota Pinto, do Mar Salgado , em resposta ao "Luso-papagaios" que produzi aqui no Glória Fácil (GF). Respondo: é difícil ou mesmo praticamente impossível, além de imensamente arriscado.

Mas aqui - ou nos EUA ou no Reino Unido ou em Israel - é possível, precisamente porque não se tratam de regimes sujeitos "a ideologias fundamentalistas e a ditadores sem escrúpulos que usam a religião para seu proveito pessoal". Aqui (designação genérica para o mundo livre e democrático) é possivel (e urgente) a moderação, e o mesmo é dizer a inteligência e a racionalidade. No "Luso-papagaios" não tratei dos problemas de fundo mas sim do discurso dos radicais que defendem as posições de Sharon e Bush acusando os moderados de terroristas, idiotas úteis, etc, etc, como o Aviz faz. Fiz-me entender?


O Mar Salgado afirmou também que "para muita gente, no entanto, não é fácil apoiar os americanos. Uns porque não gostam de Bush (confundindo um político com toda uma nação e sociedade). Outros porque, pura e simplesmente, não gostam da América e dos valores da liberdade política, económica e cultural que representa (resquícios pré-queda do Muro de Berlim). Outros ainda, graças a um cinismo militante que desconfia de todos os actos e de todas as intenções.
O discurso artificialmente ingénuo e de auto-vitimização do post de JPH é, na prática, um claro representante desta última tendência. Não se preocupe: está muito mais acompanhado do que possa pensar
.

Esta também tem uma resposta simples: há cada vez mais razões para desconfiar "de todos os actos de de todas as intenções". A mim (e ao mundo em geral) a coligação Bush/Blair afirmou que a invasão do Iraque visava destruir armas de destruição massiça (ADM) que Saddam possuía. A posse dessas armas - que poderiam ser utilizadas pelo próprio regime iraquiano ou por organizações terroristas por ele apoiadas - seria um perigo para a liberdade do mundo ocidental. Muito bem, admito a justificação. Acontece que ADM, nicles! Não há maneira de serem encontradas. Aliás, não encontram nada: nem as ADM nem o Saddam nem o Bin Laden, nada. Ora isto é muito chato. Porque, como uma vez ouvi a um jornalista da Skynews, esta foi a primeira guerra que acabou antes de ser encontrado o motivo pelo qual se iniciou.
Sem ironia: a invasão assentou numa mentira. Por muitíssimo menos - uma mentira conjugal e rigorosamente apolítica - Bill Clinton foi sujeito a um processo de "impeachment". Há todas as razões para todos (inclusivamente os que ainda apoiam actuação de Washington) se sentirem cada vez mais desconfiados.

Quanto ao meu "cinismo militante", à minha pose "artificialmente ingénua" e à minha tendência para a "auto-vitimização", ficam sem resposta. Obviamente que não me sinto insultado. Mas são qualificativos que não passam de processos de intenções. Não enfio a carapuça.
|| JPH, 16:14

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